A REFORMA RELIGIOSA – X

A doutrina do sacerdócio universal dos crentes consiste na relação direta de cada cristão com Deus, mediada só por Jesus (I Tim. 2.1,5). Cada cristão pode orar por si próprio e por outras pessoas, sem barreiras de qualquer ordem.

No Antigo Testamento, Israel foi um reino de sacerdotes (Ex.19.6). Havia uma classe especial de homens que intercediam e agiam em favor do povo perante Deus. Desde a morte e ressurreição de Jesus, a igreja é sacerdócio real e a classe sacerdotal não mais existe (Heb. 7-10). Agora todos os crentes são sacerdotes (I Ped. 2.9).

Lutero, em seu livro “Da liberdade Cristã”, (1520), diz: “O sacerdócio nos capacita a apresentar-nos diante de Deus, rogando pelos demais homens; pois somente aos sacerdotes compete, por direito próprio, estar perante Deus e rogar. A Cristo devemos esse dom de interceder e suplicar em espírito uns pelos outros, à maneira do sacerdote que corporalmente intercede e roga ante Deus pelo povo.”

Em “À Nobreza Cristã da Nação Alemã”, (1520), Lutero escreveu: “Devemos tornar-nos corajosos e livres e não permitir que o Espírito de liberdade (como Paulo o chama – 2 Cor. 3.17) seja intimidado por palavras inventadas pelos papas. Devemos, antes, julgar com coragem tudo o que eles fazem ou deixam de fazer, conforme nossa compreensão da Escritura, e obrigá-los a seguir compreensão melhor, e não a sua própria.”

Nessa obra, Lutero ainda conclamou a nobreza alemã a assumir o poder político do seu país. Ele atacou a reivindicação de autoridade política por parte da igreja de Roma. Lutero criticou também as bases desse domínio, chamando-as de “Três muralhas”: 1ª – muralha – O poder da igreja acima do poder do Estado; 2ª –muralha – A interpretação da Escritura apenas pelo papa; 3ª – muralha – Somente o papa ter o direito de convocar um concílio.

Lutero reitera também:

1º) a condição do sacerdócio dos crentes comuns;

2º) a capacidade e o direito de interpretar as Escrituras, sem ainterferência do clero;

3º) que o clero e os papas não são infalíveis;

4º) que o clero não pode governar ou escravizar espiritualmente a consciência dos fiéis;

5º) que o papa e clero não estavam acima do rei, como queriam, porque o Estado é laico.

A conclusão é que a Bíblia é única palavra de autoridade. O sapateiro, o pedreiro pode ler a Bíblia e entendê-la, orar por si e pelo próximo, glorificar a Deus com sua profissão, ser bênção na sociedade.

Rev. Iziquiel Mathias da Rocha

09/12/2012

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