ENQUANTO É TEMPO

O moço chamava atenção com sua aparência. Aonde chegava era logo notado por todos. Era alto, forte, corpo de atleta, braços e pernas musculosos, ombros largos, olhos ligeiros, sorriso aberto com dentes claros e perfeitos, cabelos cheios e bem penteados, o físico ideal. Era inteligente, de raciocínio rápido, dominava logo tudo que via ou estudava, juntava-se a isso sua simpatia e responsabilidade no que fazia. Cheio de energia, capacidade e talento, trabalhava muitas horas por dia, produzia em quantidade qualidade.

Tinha motivação, entusiasmo e liderança invejáveis. Inúmeras portas se abriam para ele e, consequentemente, sucesso e riqueza. Teve um ótimo casamento. Sua esposa também era prendada, trabalhadora, excelente companheira, mãe e dona de casa. À semelhança do casal, tiveram filhos lindos e saudáveis. Tinha casa rica, família feliz e tudo que representa a realização social de um ser humano. Este parece ser o sonho de muita gente, principalmente do jovem.

Mas o tempo passou. Aquele jovem, o homem de tanta energia e sucesso envelheceu. Sua robustez e saúde estão corroídas pela idade. Suas vistas se escureceram e até o sol ele vê com dificuldade, mesmo com grossas lentes. Os braços, as mãos e pernas se tornaram fracos e trêmulos, até um gafanhoto parece ser um peso. Seus lábios flácidos dificultam a fala e a retenção de alimentos na boca, são poucos os dentes e nem são vistos num sorriso. Ele perdeu quase toda a audição, raramente houve o canto de uma ave, nem mesmo um galo cantar nas madrugadas de insônia. Está cheio de temor para caminhar, preocupado em tropeçar e cair devido à fraqueza de seus membros. Os cabelos perderam a beleza, tornando-se brancos e poucos. Perdeu a vontade de fazer qualquer coisa, o apetite desapareceu. O homem percebe que o fim da vida está chegando, a morte está lhe rondando. A pressão arterial se descontrola, ora baixa, ora alta demais. O coração está cada vez mais fraco. O corpo está prestes a retornar à terra de que fora criado.

Que descrição horrível! É o que você deve estar dizendo. Mas essa é a descrição que o livro de Eclesiastes, cap. 12, faz de uma velhice sem Deus. Por isso, o autor abre a narrativa com um apelo: “Lembra-te do teu Criador nos dias de tua mocidade, antes que venham os maus dias, nos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento.” E termina: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem.” “Adolescência e juventude são vaidade”. Beleza, sa-úde, riqueza e todo sucesso deste mundo irão para o pó um dia. Então, enquanto é tempo: “Lembra-te do teu Criador”.

Rev. Iziquiel Mathias da Rocha

02/03/2014

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