As palavras têm som, cor, cheiro, gosto, textura por isso projetam uma imagem quando as pronunciamos. Uma palavra só tem sentido no contexto, na intenção, na boca do falante. As letras, os sinais ou o som que utilizamos dependem do lugar, do momento, do tom, da posição para ter sentido. O emissor (quem fala) e o receptor (com quem se fala) precisam estar em sintonia para que haja comunicação eficaz.
Pense um pouco nas palavrinhas “meu” e “minha”. São pronomes possessivos masculino e feminino que indicam posse. É o que diz a gramática ou o dicionário.
Mas no contexto, na intenção e na boca do falante elas assumem conotações, além de designativos daquilo que pertence a mim. Não são algumas letrinhas apenas, elas sugerem imagens mentais significativas.
A criança, desde cedo, vai segurar um objeto e dizer “meu” ou “minha”, quando ainda nem fala direito. É o início do seu contato com o seu ambiente. “Minha mamãe!” pode ser objeto de choro, de disputa. Aos poucos “meu” e “minha” vão se fortalecendo. Então, os pais começam a socialização da criança, ensinando-a a trocar um brinquedo, dividir um alimento, etc. Tolerável o comportamento infantil, mas precisa ser trabalhado, para que a criança não se torne altamente egoísta.
“Meu” e “minha” podem, portanto, ser abundantes no vocabulário do egoísta. “Este carro é meu”, “este lugar é meu”, “este instrumento é meu”, “esta casa é minha”, “tudo é meu”. “Comprei paguei com meu dinheiro”. “Não empresto, não dou, é meu”. Mais do que posse isso expressa egoísmo, prepotência, arrogância, idolatria do objeto ou idolatria do EU.
“Meu” e “minha” tem um sentido afetivo também. O jovem diz orgulhosamente: “esta é minha noiva”, “este é o meu namorado”. Os cônjuges dizem: “esta é minha esposa”, “este é o meu marido”. Os pais estufam o peito e dizem: “este é o meu filho”, “esta é minha filha”.
Nestes exemplos, “meu” não tem sentido de “minha propriedade”, daquilo que eu uso e abuso, troco, vendo, descarto. Aqui expressa afeição, carinho, apreço. Afetivamente “meu” e “minha” vêm acompanhados de uma expressão facial de alegria, de um tom peculiar e emitem uma imagem mental de satisfação.
Você já imaginou o que significou na intenção de Deus, naquele contexto do batismo de Jesus, as palavras do Pai: “Este é o meu filho amado em quem está todo meu prazer”? Imagine o som dessas palavras ecoando no vale do rio Jordão… Em que “tom” essas palavras saíram da boca de Deus…
O filho amado de Deus foi dado ao mundo para que fôssemos salvos, formando o que Jesus chamou de “meus discípulos” e “minha igreja”.
Rev. Iziquiel Mathias da Rocha
09/02/2014